O ATO DE AMAR TEM QUE SER RETRIBUTIVO?
(E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.)
Enquanto humanos, sabemos ser o ato de Amar fator determinante desta condição, vivemos da troca, e esta é essencial na vida em sociedade, sabemos e entendemos, porque de alguma forma nos foi ensinado, implantado, aprendido e apreendido.
Mas, meu maior questionamento a respeito deste sentimento nas relações interpessoais, sempre foi sobre o entendimento da necessidade de esse sentimento ter o cunho RETRIBUTIVO. E estou me referindo somente ao amor romântico, porque se o ato de amar é de nossa essência enquanto Seres dito Humanos, qualquer forma de amor poderá ser considerada nesse contexto, mas a cobrança maior reside nas relações afetivas, para as demais, trazemos esta capacidade natural, mas porque naquelas tem o adendo da exigência em ser retribuído quando alguém se dispõe a amar, ou se vê amando...?
Questiono porque DA JANELA DO MEU OLHAR, amar não deve vir acompanhado de uma fatura retributiva. Não é porque disponibilizamos nosso sentimento mais profundo e puro à alguém que temos que ser retribuídos, nem sempre há ressonância neste ato, podemos identificar isso nas relações de forma corriqueira, já ouviu alguém afirmar que ama uma pessoa e que não se sente amada na mesma medida? Como isso é possível? Diga-me, pois eu realmente não consigo ver sentido nesse desejo, muito embora possa ser nobre, porque se trata de um sentimento ímpar, mas não entendo possível quantificar e definir a capacidade do outro em amar. Ora, somos seres essencialmente únicos, com crenças diferentes, culturas diferentes, crescemos em núcleos familiares e sociais (...) diferentes, temos objetivos e nutrimos sentimentos por nós mesmos distintos até mesmo a cada dia!
Então as relações sempre serão desiquilibradas no que tange o ato de amar individual, e o que compõe uma relação afetiva? Entendo que sim. Pois as lacunas deste ato em si, são preenchidas ao longo do tempo do relacionamento por outros sentimentos, como por exemplo o respeito à individualidade do parceiro e sua forma de demonstrar os sentimentos, que para cada um é diferente. Convenhamos, há pessoas que infelizmente não foram amadas primordialmente (pai e mãe) e, portanto às vezes nem sabem o que é amar, tampouco sabem receber amor.
Então como chegar ao ápice de amar e se sentir amado sem uma fatura diária ao parceiro e ter uma relação satisfatória no âmbito das realizações afetivas? Como eu gosto de reafirmar: Da Janela do meu Olhar, sempre será díspare, já disse, somos essencialmente únicos na forma de amar e entregar o nosso amor. O que por um lado torna o jogo da vida mais interessante, mas para alguns pode ser o fator desafiador e causador de grandes frustrações. Não estou a reduzir nenhuma nota que cada indivíduo definiu para ser a exata medida de merecimento de amor, mas que ao observarmos as petições diárias que ouvimos no entorno a respeito dos relacionamentos é até divertida a dinâmica.
Sempre tive esse olhar atento à várias questões da condição humana, talvez por isso, sempre apesar de pouca idade era referência para expressar meu ponto de vista sobre casos que chegavam para mim. E tudo parte do autoconhecimento, isso é importante, saber quem és. Porque do outro jamais saberemos, nem de nós mesmos, pois estamos em constante mudança, e isso, também devo dizer: Me fascina!!! Um dia o que foi importante numa conexão afetiva, hoje já não é mais, e por aí vai...então, Da Janela do meu Olhar entendo que devemos primeiro conhecer quem somos, definir a partir dessas premissas o que queremos e analisar o que nos entregam ou pretendem entregar numa conexão amorosa e então fazermos o juízo de valor se é onde queremos permanecer e efetivar a troca. Como diz Sêneca: o problema não são as experiências, mas sim como as vemos, novamente não quero reduzir as dores de amor que já vivenciamos, mas sempre enxerguei essa situação da seguinte forma: "Não determino a quem amar (romanticamente), mas tenho total poder do que fazer com este sentimento. Da mesma forma que tenho límpida a impossibilidade de fazer o outro ser recíproco, no entanto tenho total discernimento em analisar e definir se o que me está sendo oferecido e se é o que desejo para aquele momento naquela conexão. Ocasionalmente ouço: "Fulano(a) não presta" (forma coloquial), questiono o porquê, e vem a resposta: Não quer namora/casar/se relacionar. Outra pergunta: O que tem a ver o caráter da pessoa com o fato de ela naquele momento não querer o mesmo que você ou não ser recíproca? E isso é corriqueiro!
Da Janela do meu Olhar, devemos sempre nos dispor a amar, aceitar ser o amor a maior experiência de nos sentirmos vivos, o prazer da descoberta, o frio na barriga, a vontade de estar com quem nos aquece e acorda a alma!
Mas despertos sejamos sobre que tipo de amor queremos, e isso só temos noção quando nos autoconhecemos. A busca constante pelo autoconhecimento e auto lapidação auxilia na hora de contabilizar a justa medida da troca, que para cada pessoa é diferente, muito embora eu entenda que não exista um equilíbrio, pelos fatores anteriormente elencados, entendo que o que resta é a partir do que entendemos ser bom numa conexão afetiva avaliar o que é ofertado, e então definir se é ou não interessante e valioso entrar na relação ou nela permanecer, a chamada "comunhão de desígnios" e como descrito no Código Civil, "Consortes", o que significa unidos pela mesma sorte. Portanto, se autoconhecer é para mim a premissa, pois conseguiremos compreender o outro em sua capacidade ou incapacidade de entregar amor, o que não o torna menos humano, somente determina que não é esse o momento de vocês, e talvez um dia será, ou não, porque adiante entenda que aquele sentimento nem era amor (eram gases,rsrs), afinal, Da Janela do meu Olhar, amor não vem com fatura, é doação, é entrega, e portanto, assim como há possibilidade de recusa, há possibilidade de aceite e ainda que haja o aceite, não necessariamente haja troca! Porque amar é simplesmente Amar!! E neste nobre ato de Amar, pressupõe-se querer o bem maior de quem se ama ainda que longe.
Saibamos o que queremos e isso serve para todas as conexões, antes disso nos conheçamos, e não nos deixemos enrijecer no ato de amar por frustrações que muitas vezes nos impomos, sim, porque as pessoas nos dão os sinais muito claros do que querem ao entrar numa conexão, basta ter olhos de ver, e acima de tudo coragem para levantar - se da mesa quando o que fora oferecido no cardápio não esteja mais disponível no restaurante, o que falta é mais autoconhecimento que coragem, por isso muitos de nós abraçamos cactos, permanecemos em relações falidas de amor e zelo, e tendenciamos a recomeçar sangrando em quem não nos machucou, as feridas da alma são curadas pelo amor próprio que somente, repito o autoconhecimento é a cura, e sinto afirmar, só deduzo o diagnóstico, porque quanto a cura, enquanto consciências, o tratamento é eterno!
O que é verdade para você nas suas conexões afetivas?
E estas verdades te tornam livre ou te aprisionam?
Já abraçou muitos cactos ao longo da jornada em suas conexões?
Em que medida analisando as verdades em suas conexões desenvolve a coragem de se retirar ou as razões para permanecer?
Até breve Carissimo Leitor...
J.L.I Soáres
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