Escória da vaidade, envolve o viscoso manto da alma,
E vomita em feeds, a ânsia oca da sórdida salma!
Um ego voraz, em convulsão, uivando por espúrios traços,
Enquanto o espírito definha nos resíduos pútridos dos falsos laços.
No glacial clarão do écran, seres se perdem.
Egóicos gélidos a essência em fragmentos no abismo verdem.
Insaciáveis, dedos famintos no árido vazio a se exaltar.
Trocando o sentir profundo por um pio, um brilho vulgar, um falso Altar.
Meu verso, "minha forma mais pura de me entregar", de um apreço profundo,
Tornou-se ferramenta de validação, moeda em teu mercado nundo!
Tropeçou a beleza em teu olhar de aço. Um marco!
E Minh 'alma sangrou no escárnio do teu sentir parco.
A retroalimentar- se de espectros itinerantes, “deuses” tal qual sepulcros caiados.
E a profundidade jaz, esquecida e fria, pelo egoísmo guiados.
Troca-se o elo verdadeiro, por exaltações vazias.
Entorpecem seu Ser, no desvario do eco das fugazes melodias.
Que abismo reside nessa inspiradora máscara pia?
Que abjeção torpe te arrasta nessa nefasta vadia?
Usurpas o afeto e em sua nobreza mumificada, profanas o sentir
Face ao teu reflexo, te permites sentir?
(J.L.I Soáres)
NOTA DA AUTORA: Quando a Arte Encontra a Vida Real
Permita-me uma última ponderação sobre os versos e a reflexão que acabaste de ler. É natural, em momentos de desabafo e de busca por clareza, que a arte se manifeste de forma visceral. O 'Manifesto' que compartilhei é, acima de tudo, um espelho das minhas próprias expectativas e frustrações com relação à pureza da doação e à sacralidade da minha obra de arte. Ele nasce de uma dor que é intrínseca a quem se entrega verdadeiramente a algo, seja um sentimento ou uma criação.
Minha intenção jamais foi a de criticar o caráter de qualquer indivíduo. Reconheço que cada ser, em sua jornada e em seu grau de consciência, manifesta-se e reage de formas diversas. A dinâmica que inspirou este poema é, em si, um reflexo do complexo universo das relações humanas, onde expectativas e realidades nem sempre se alinham.
Entendo, com serenidade, que a postura alheia — por mais que não ressoe com o que considero a forma mais ideal de expressar carinho, respeito ou admiração — é uma escolha do outro. E como Ser humano que sou, com todas as minhas próprias imperfeições, compreendo que nem sempre a resposta do 'terreno' está à altura da 'onda' que flui do 'oceano'.
Este 'Manifesto' é, em sua essência, um desabafo. Um desabafo sobre minhas próprias projeções e idealizações da reciprocidade e do reconhecimento da arte. Ele não se coloca acima de ninguém, mas busca em versos uma forma de processar a minha vivência e de reafirmar o valor da doação em sua essência mais pura.
Que cada um de nós possa encontrar a leveza em desbravar seus próprios oceanos interiores, aceitando que a verdadeira arte, seja ela da vida ou da palavra, floresce na autenticidade, mesmo quando confrontada com as dissonâncias da existência.
Com respeito e convite à reflexão,
J.L.I Soáres
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